Mergulhada na ideia
Meia hora de palavras soltas ao vento. Minutos de reflexão sobre o ato da escrita. Um ato tão nosso, tão meu, tão seu. Pensar sobre escrever é quase como pensar sobre respirar. Não penso, respiro. Não penso, escrevo. E cada linha descrita, quase desenhada, traz um certo alívio. Desejo de prosseguir e de buscar mais e mais de mim - e de você! Com a escrita mostro ao mundo como o vejo - e sinto. Palavras soltas ou amarradas sempre têm intrínsecos sentidos diversos, que tocam uns e, ao mesmo tempo, jamais atingirão outros. Assim, elas podem transformar mundos individuais ou simplesmente passar despercebidas por olhos desatentos.
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Agora já não consigo ter ideias muito claras. Sinto que estou jorrando palavras aceleradas e se seguir por muito tempo correrei o risco de usar subterfúgios da memória, com textos já esquentados, escritos e registrados, afinal este é meu ofício. Escrevo sobre saúde, educação, ciência e tecnologia. Mas nenhum desses textos cotidianos tem a leveza desse momento de apenas despejar neste branco aquilo que vem em mente.
Agora sigo no exercício tornando as palavras mais azuis. E com essa ideia vem o céu que posso avistar da janela desta sala e também o infinito que vejo com minha alma. E do azul tiro paz, do azul brota em mim certa sensação de tranquilidade. E tento pensar no azul e esquecer que neste instante minha mão digitadora começa a ter cãimbras pela falta de prática de acariciar a caneta e buscar nela a ferramenta capaz de expressar no papel minhas ideias tortas, meus desejos tão meus e a expectativa de ter cada vez mais intimidade com a escrita... A ponto, quem sabe, de viver disso.
Pronto. As ideias estão se esgotando. É um exercício fascinante... Mas já estou há dez minutos mergulhada nesta metalinguagem e ainda preciso nadar bastante até conseguir jorrar textos mais soltos.
Agora o lilás retoma com a intenção de introspecção. Está quase acabando. Pronto. Agora, penso, acabou. Sim, acabou. Ao menos por agora! Será? Acabou! Ou não? Ninguém para... Ok. Acho que agora sim. Elas vão parando aos poucos. É dado o sinal: -Último minuto. É a prenúncia do fim deste exercício. E estranhamente as palavras continuam fluindo. É o último minuto. E se tivesse que dizer tudo assim?! No último minuto?
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>>> Este foi o primeiro exercício aplicado pelo professor Edvaldo Pereira Lima durante a Oficina de Escrita Total, ministrada nos dias 14 e 15 de maio, em Bauru (SP), numa realização da Casa Midiática. O texto é da jornalista Elaine de Sousa. A proposta era escrever por pouco mais de 10 minutos sem parar, após ter feito coletivamente uma lista de palavras.
Ao todo, em 12 horas, os alunos da oficina produziram, seguramente, mais de 50 textos. A Casa Midiática quer publicar esses exercícios. Se você participou e deseja compartilhar sua experiência textual, mande o texto em word, fonte times 12, para o e-mail casamidiatica@casamidiatica.com.br.
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